segunda-feira, 21 de outubro de 2013

a Ditadura,,,, ou não???????????

http://combustoes.blogspot.pt/2013/10/ainda-se-pode-evitar-ditadura-que-chega.html

"Aqui tenho dito e repetido vezes sem conta: Portugal tem uma solução alternativa clara ao regime que nos trouxe à humilhação, à fome e à insignificância; Portugal tem os meios de que necessita para regressar de cabeça erguida ao concerto das nações; não precisamos de teorizar nem de think tanks do rotundo intelectualismo; nada há a pensar fora das coordenadas daquelas que foram, desde sempre, as constantes e linhas de acção e sentimento da nação portuguesa. Para quem, minimamente habilitado e experiente na análise histórica, se atrever perder o medo, a resposta é muito simples, tão simples que surge como uma evidência: monarquia. 

Persistem uns quantos retardatários em pedir calma e paciência, contando com uma menos que provável recuperação do sonho Europeu, sonho que não passa disso: ilusão. A Europa tábua-de-salvação, a Europa maná e cornucópia, essa morreu há dois ou três anos. De agora em diante, vingança das nações, será cada um por si. A fórmula europeia já não se discute, pois a Europa contra as nações, descerebrada, envergonhada de si, a que perdeu o orgulho e se refugiou na reforma dourada da velhice cobarde - pronta a tudo ceder e mutilar-se a vergonhosos extremos de humilhação - essa acabará dentro de dois ou três anos. Ou não viram, meus caros amigos, como cheios de cautelas, nos estão já a preparar para o triunfo de Marine Le Pen em França, para o triunfo das direitas nacionalistas nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, para a mais que certa saída do Reino Unido da União, a tal que de união só leva o nome ?

Ainda há tempo. Ao ler a clarividente entrevista de SAR o Senhor Duarte a um jornal de Macau, no decurso de uma viagem que está a realizar pelo Extremo-Oriente - fazendo o que os nossos pobres diplomatas não sabem, não querem nem podem fazer - só me posso perguntar:

- Por que raio mantêm os donos do país o espesso manto da censura, a sistemática desinformação, o escamoteamento da evidência em torno da questão de uma mudança de regime que tornasse possível garantir a liberdade, sabendo que ao fatídico e já irreversível colapso desta III República sucederá uma ditadura?  ""

sábado, 12 de outubro de 2013

tempo filho da puta...........

somos e gostamos de ser cegos,,,,,

Confesso que quando li Le Capitalisme de la séduction e, logo, La Bête sauvage, Métamorphose de la société capitaliste et stratégie, de Michel Clouscard - certamente o mais pujante pensador marxista após Gramsci - reagi negativamente. As circunstâncias e a reacção epidérmica a rótulos e a arrumação genérica do autor como "inimigo", impediram-me de o compreender e de lhe atribuir o lugar cimeiro que ocupa na reflexão sobre o liberalismo libertário, estimulado na Europa pelo Maio de 68 e terminado em tragédia com a demolição/diabolização do Estado pelas mãos dos meninos burgueses e consumistas que, sendo de esquerda, transformaram o capitalismo em selva. Eis, finalmente, que Clouscard ganha plena legibilidade.

A liberdade com roupagem de opulência, consumo, "conforto" e prazer escondia, pois, indústrias milionárias de alienação, a destruição sistemática das instituições inculcadoras da ordem  social, cultural, e política. Foi com a benção do consumismo, do crédito para todos, do dinheiro barato que se semeou a crença que a felicidade individual só se realizaria com a substituição do dever pelo prazer e quando todas as formas de autoridade fossem substituídas pela cultura do lúdico. Certamente que ao cerrado combate para a destruição da escola e da cultura na sua expressão mais latitudinal - hoje transformadas em negócio e consumo - implicaria ipso facto o fim da própria ideia de cultura. Pensaram os ingénuos que se abria uma nova era de ilimitado experimentalismo e busca de um novo tipo de homem. Compreende-se agora o mito da "classe média", solução engenhosa para desagregar a cultura de classe (inerente a cada grupo social) e sobre ela criar uma só classe de consumistas, angariadores de crédito e prazer. A bolha imobiliária (como a bolha do automóvel para todos, a bolha das PPP's para abrir estradas levando às "novas urbanizações") - tudo isso um negócio que requeria mais mercado.

A verdade é que o capitalismo libertário se desfez deliberadamente de todas as formas de limitação - por via da moral, da ética, da responsabilidade - para, assim, implantar, não o contrário da velha ordem burguesa, mas uma sociedade sem centro, um não-Estado, uma anti-economia. Assim se explica a continuada mutilação da dimensão integradora do Estado - assistencial, educadora, codificadora, policiadora - ao longo das últimas três ou quadro décadas. Assim fica explicado o derrube da ideia de fronteira política e económica, a desvalorização moral do trabalho, a exaltação do protestarismo, o culto do "Outro" (multiculturalismo), o combate cerrado contra o patriotismo, as forças armadas e a "educação autoritária". Neste combate, a esquerda divulgou, vulgarizou, legitimou os chamados "sentimentos nobres", enquanto aderia sem reserva alguma à globalização, às migrações, à "cidadania universal". A "cidadania universal" queria apenas dizer mais imigrantes, derrube do sistema social europeu, deslocalização do aparelho produtivo. A Europa, que por via dos fascismos e do comunismo, se armara de dispositivos para regular o desespero dos pequenos, assistiu ao longo dos últimos anos a um recuo civilizacional sem precedentes. Para iludir o vazio, o liberalismo libertário inventou a ilusão da participação, estimulando o convivialismo das internets, as tribunas opinadoras, as causas que - tantas são - dispersam a angústia e compensam psicologicamente os cidadãos pela perda efectiva de capacidade interventora.
Leia-se, pois, sem inibição, Michel Clouscard.